quarta-feira, 14 de julho de 2010

A HISTÓRIA DO LÁPIS



"Um menino olhava para a avó a escrever uma carta. A certa altura perguntou:

- Estás a escrever uma história que aconteceu comigo? E, por acaso, é uma história sobre mim?

A avó parou de escrever a carta, sorriu e comentou com o neto:

- Estou a escrever sobre ti, é verdade. No entanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou a usar. Gostava que tu fosses como ele, quando cresceres.

O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.

- Mas é igual a todos os lápis que vi na minha vida!

- Tudo depende do modo como tu olhas para as coisas. Há nele cinco qualidades que, se as conseguires manter, farão de ti uma pessoa sempre em paz com o mundo.

>>A primeira qualidade: tu podes fazer grandes coisas, mas nunca te deves esquecer de que existe uma Mão que guia os teus passos. A esta mão nós chamamos Deus, e Ele deve sempre conduzir-te em direcção à Sua vontade.

>>A segunda qualidade: de vez em quando, é preciso parar de escrever e usar o afia-lápis. Isso faz com que o lápis sofra um bocado, mas deixa-o mais afiado. Portanto, aprende a suportar algumas dores, porque elas farão de ti uma pessoa melhor.

>>A terceira qualidade: o lápis permite sempre que usemos uma borracha para apagar aquilo que está errado. Percebe que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente mau, mas importante para nos manter no caminho da justiça.

>>A quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou a sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, presta sempre atenção àquilo que acontece dentro de ti.

>>Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele deixa sempre uma marca. Da mesma maneira, compreende que tudo o que tu fizeres na vida vai deixar traços, por isso tenta ser consciente de todas as tuas acções."


In "Ser como um rio que flui", de Paulo Coelho

sábado, 10 de julho de 2010

REVELAÇÃO


Há momentos na nossa vida em que o silêncio é precioso,
em que o silêncio se torna necessário à nossa defesa,
e que nos pode tornar mais seguros...
Há momentos na nossa vida em que finalmente nos apercebemos
de quem nos rodeia,
de quem temos realmente ao nosso lado
de quem nos apoia com sinceridade...
Sim, às vezes parece que é muito tarde
quando nos apercebemos dessa realidade
Sim, parece que a nossa mente andou durante muito tempo adormecida, iludida, esperançada
Mas...
Há momentos em que uma revelação,
mesmo que tardia, mesmo que sofrida,
nos faz despertar para um novo dia
com uma força inimaginável
Por isso...
Por mais que te sintas triste, injustiçado (a), incompreendido (a) ou até perdido (a)
Pensa sempre que o teu coração é capaz de suportar muito, muito mais............................................

quarta-feira, 7 de julho de 2010

NÃO TENHO PRESSA


Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

domingo, 4 de julho de 2010

sábado, 3 de julho de 2010

CAMINHOS NOSTÁLGICOS


Por onde vagueiam os seus pensamentos?
Por caminhos distantes
pelos campos floridos,
recheados de papoilas e margaridas
onde soprava os delicados dentes-de-leão
onde contemplava as borboletas
que pousavam suavemente na sua mão
ou simplesmente corria atrás delas
seguindo-as até ao seu próximo poiso


Pelo tempo onde colhia os ramos de flores do campo e de espigas
para ofertar à sua mãe
pelos momentos de felicidade
quando a beijava e era beijada por ela
pelos sorrisos generosos
pelos olhares cúmplices e sinceros
pelas palavras carregadas de carinho
pelo tempo onde nada mais importava
do que ser notada e amada somente por existir
onde o amor mais soberano era real
...
O grande infortúnio de se ser criança é tão somente o de acabarmos por saber que um dia nos vamos tornar adultos...


(Charlotte)