quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VERDADE, MENTIRA, CERTEZA, INCERTEZA

Verdade, mentira, certeza, incerteza...
Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras.
Estou sentado num degrau alto e tenho as mãos apertadas
Sobre o mais alto dos joelhos cruzados.
Bem: verdade, mentira, certeza, incerteza o que são?
O cego pára na estrada,
Desliguei as mãos de cima do joelho
Verdade mentira, certeza, incerteza são as mesmas?
Qualquer cousa mudou numa parte da realidade — os meus joelhos e as minhas mãos.
Qual é a ciência que tem conhecimento para isto?
O cego continua o seu caminho e eu não faço mais gestos.
Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual.
Ser real é isto.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

3 comentários:

  1. Vejo que aprecias Alberto Caeiro, esse adorável guardador de rebanhos...
    Eu gosto de Pessoa, ele próprio, que nunca saberemos quem é!
    Tem um dia lindo.
    Beijinho

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  2. F. Pessoa podia ter-se ficado aqui: "Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto."

    Gostei MUITO.

    beijinhos amigos.

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  3. Extremo bom gosto!
    Alberto Caeiro, Pessoa, qualquer um deles, SEMPRE!
    Beijinho terno

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