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Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida ...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago ...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim ...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
Obrigada por trazer esta poetisa que aprecio muito e, desde sempre. Palavras sempre sentidas e, plenas de sentidos sentires.
ResponderEliminarÉ sempre bom voltar a reler e, também revermo-nos em certos momentos.
Bjnh com Luz
Prefiro as não ocultas mas raramente as "uso" (infelizmente)
ResponderEliminarOu como diria também a poetisa F. Espanca "quando morrer, procura-me no mar".
ResponderEliminarÉ uma frase poética que não vejo como negra.
beijinho amigo
Palavras para quê?
ResponderEliminarUm poema como só Florbela Espanca sabe fazer.
Gostei deste espaço. Contém o negro tinta das palavras.
Um poema muito bem escolhido... a Florbela tinha uma forma muito singular de construir a poesia...
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